Quais as diferenças entre Responsabilidade Social Corporativa (RSC) e Investimento Social Privado (ISP)?

No último ano, falamos bastante sobre Investimento Social Corporativo (ISC) e Investimento Social Privado (ISP) aqui no LinkedIn do Instituto Órizon. Em julho, mostramos as diferentes modalidades de ISP, e no primeiro artigo de 2024 compartilhamos a Pesquisa BISC, que faz um panorama do ISC no Brasil. Agora, vamos entender melhor o que ISP e ISC têm a ver com outra sigla que ganhou muita relevância nos últimos anos: a RSC, ou Responsabilidade Social Corporativa. O que aproxima todas essas práticas, e quais são suas diferenças? Nesse artigo, vamos nos aprofundar um pouco no que une ISP e RSC.

Para isso, nos baseamos nesse ótimo artigo do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS), assinado por Letícia Santos e Paloma Pitre, sobre as aproximações entre Investimento Social Privado e Responsabilidade Social Corporativa. Você já deve saber que o investimento em projetos socioambientais por parte de empresas privadas não é algo novo, mas que teve um grande salto na última décadas, com a maior conscientização sobre os grandes desafios que a humanidade enfrenta, como as mudanças climáticas e a desigualdade social. Como já mostramos, surgiram diversos modelos para que as empresas investissem em ações de preservação ambiental e responsabilidade social. O ISP e o ISC são dois deles. A Pesquisa BISC 2022, por exemplo, mostra que 40% das empresas ampliaram seus investimentos nessas áreas.

Como apontam as autoras do artigo, a pressão por parte de consumidores e acionistas e a própria percepção das empresas de que essas ações contribuiriam para a saúde financeira das próprias empresas no longo prazo fizeram com que o interesse pela Responsabilidade Social Corporativa aumentasse. Primeiro, precisamos entender que toda atividade econômica gera impacto, e algumas, embora essenciais, geram grandes impactos. Portanto, ações para mitigar esses impactos são obrigação das empresas, muitas vezes com previsão em lei. A Responsabilidade Social Corporativa significa, em geral, cumprir com essas exigências básicas.

Uma das práticas de governança da RSC é a due diligence, que já falamos aqui como uma prática do mercado de Private Equity adotada pelo Venture Philanthropy. No contexto da RSC, isso significa o esforço para identificar quais os possíveis impactos negativos decorrentes das operações da empresa, em diversas áreas (sustentabilidade, direitos trabalhistas, direitos humanos etc.), e desenvolver estratégias de prevenção, mitigação e remediação de danos.

Investimento Social Privado vai além da obrigação das empresas

Já o Investimento Social Privado se aplica quando a empresa dá um passo além do obrigatório, e cria ações realmente voluntárias que, mais do que evitar o impacto negativo, gere impacto positivo no meio ambiente e nas comunidades onde a empresa atua. Importante lembrar da palavra investimento: essas ações, embora voluntárias, têm a previsão de trazer também um retorno para a empresa, mesmo em forma da melhoria da imagem corporativa, que influencia em seu valor de mercado. Já mostramos aqui os diversos tipos de ISP, que pode ser feito de forma direta pelas empresas, criando internamente projetos e iniciativas, ou pelo apoio da empresa a organizações sociais, fundações e outros agentes que irão implementar as ações.

Segundo o artigo do IDIS, “idealmente, o ISP busca a geração de maior impacto nas áreas de sustentabilidade em que a empresa possui maior potencial de contribuição. Para identificar pontos de sinergia entre o negócio e as oportunidades de investimento social, é importante conhecer os principais indicadores sociais e ambientais dos locais em que a empresa atua, os elementos chave de sua cadeia de produção, o perfil do beneficiário do programa, entre outros aspectos relevantes”. Ou seja, o ramo de atividade da empresa determinará os possíveis impactos negativos da operação, mas também podem ser a chave para o impacto positivo.

Empresas B trazem novo paradigma corporativo

As autoras citam o modelo das Empresas B, ou Benefit Corporations, que têm atraído muitas empresas ao oferecer um novo paradigma corporativo, em que as empresas existem não só para gerar lucro aos acionistas, mas também gerar impacto socioambiental positivo. Afinal, as empresas existem dentro de um sistema que inclui o meio ambiente e a sociedade como um todo. Já temos 286 empresas B certificadas no Brasil e cada vez mais empresas estão colocando o investimento social como um dos seus pilares estratégicos e gerenciais.

Os eventos climáticos extremos cada vez mais comuns em todo o mundo, com recordes de temperaturas, chuvas, secas etc., acenderam ainda mais o alerta de que todos temos que contribuir para evitar as piores consequências das mudanças climáticas, que também impactarão mais os mais pobres e trarão desafios sociais ainda maiores. Felizmente, a sociedade, e o setor privado em especial, estão ouvindo o alerta e buscando fazer sua parte. Queremos ainda falar muito sobre RSC, ISP, ISC e todas essas formas de melhorar o mundo!

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