Impacto da Inteligência Artificial na Educação dependerá de sabermos entendê-la

Inteligência Artificial, Ensinar

Desde o início deste ano, professores do Ensino Fundamental à Pós-Graduação estão preocupados com o uso dos novos sistemas de Inteligência Artificial Generativa, como o ChatGPT, por seus alunos. O que fazer com quem, por exemplo, pede à inteligência artificial para fazer um trabalho escolar? E se o aluno apenas pedir uma “ajuda” ao Chat GPT para a elaboração do trabalho, como determinar a autoria? Seria melhor proibir o uso dessas ferramentas ou incorporá-las como um potencializador do ensino? Os professores podem utilizar a IA para preparar aulas e avaliações?

Realmente a Inteligência Artificial, embora não seja algo novo, é um dos grandes assuntos de 2023 e tem potencial para transformar muita coisa. Mas, antes de ficar preocupado com os impactos negativos que ela pode gerar, é importante entender o que a IA pode ou não fazer, pelo menos por enquanto. Ao ter uma perspectiva mais realista, podemos pensar em como evitar os impactos negativos e fortalecer os positivos.

Criatividade humana é insubstituível com chegada da Inteligência Artificial

Em primeiro lugar, a Inteligência Artificial não vai substituir a capacidade do cérebro humano no futuro próximo, pois nossa mente ainda faz coisas que a máquina não consegue. Em especial, a nossa capacidade de abstração e criatividade não são reproduzidas pelos sistemas digitais. Sabe aquelas artes legais que vemos nas redes sociais supostamente geradas por inteligência artificial? Tudo o que o sistema aprendeu sobre arte, estética e criatividade para gerar aquela imagem se baseia em “inputs” humanos, como obras de arte disponíveis na internet.

Até os próprios robôs afirmam que não podem substituir a criatividade humana. Segundo este ótimo artigo de Erika Faria no portal da EPSJV/Fiocruz, Sofia, um robô “entrevistado” em julho deste ano no painel The AI for Good Global Summit, realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), disse: “A Inteligência Artificial pode fornecer dados imparciais, enquanto os humanos oferecem a inteligência emocional e a criatividade”. Ou seja, os robôs serão muito mais úteis trabalhando juntos aos seres humanos. Pensando na sala de aula, isso reforça que é melhor incorporar essas ferramentas ao ensino do que proibi-las.

Alunos podem ensinar professores sobre IA

Mas é preciso incorporá-las de forma cuidadosa e transparente. Os professores e gestores escolares devem se lembrar que as crianças e adolescentes hoje nas escolas são “nativos digitais” e dominam essas ferramentas de forma muito mais natural que as gerações anteriores. Isso pode ser um problema, pois eles vão sempre estar um passo à frente para usar a IA de forma indevida. Por outro lado, dá oportunidade para que os próprios professores aprendam com os alunos e tornem o processo de ensino-aprendizagem mais dinâmico e proveitoso.

A educação como preparação para o mercado de trabalho também deve ser bastante impactada pela Inteligência Artificial, na medida em que muitas funções hoje desempenhadas pelos humanos podem ser automatizadas com a IA. As habilidades e conhecimentos necessárias para esses profissionais do futuro trabalharem em conjunto com a IA, e não se tornarem obsoletos, ainda não estão muito claras. Mas sabemos que profissionais da área de tecnologia, como programadores e desenvolvedores de software, já hoje uma das áreas com maior demanda de mão-de-obra, serão cada vez mais requisitados.

Escola deve ensinar pensamento crítico e empatia

Como a tecnologia muda muito rápido, mais do que aprender uma determinada linguagem de programação ou plataforma, por exemplo, é importante para as crianças e adolescentes hoje na Educação Básica aprendam a pensar de forma a não se tornarem obsoletos. Isso significa desenvolver a capacidade cognitiva e de solução de problemas e raciocínio lógico, e também a criatividade, a expressão artística,, o pensamento crítico sobre a realidade à nossa volta, e características tipicamente humanas, como a empatia, o cuidado com o outro e a solidariedade. Esses fatores farão cada vez mais a diferença enquanto mais as máquinas se ocupam das tarefas repetitivas e que exigem força física e/ou alta capacidade de processamento de dados.

Em resumo, para o Instituto Órizon, professores e gestores escolares devem, em primeiro lugar, eles mesmos se informarem sobre as plataformas de Inteligência Artificial, seu funcionamento, principais usos, inclusive perguntando aos próprios alunos o que eles já sabem e se abrindo para aprender com eles. Depois, a incorporação dessas ferramentas no planejamento escolar deve ser feita com cuidado e transparência, em diálogo entre todos os atores escolares, em um “pacto de confiança” para evitar usos indevidos. E sempre pensando em como humanos e máquinas podem trabalhar juntos para solucionar problemas.

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